Depois de sobreviver a uma concorrência infernal no final de 2015,
quando chegou a perder para a novela bíblica Os Dez Mandamentos, o
Jornal Nacional vive um momento de paz celestial. Cresce vigorosamente
desde janeiro, um ponto por mês, e apresenta sua melhor fase desde 2012,
quando era favorecido pela espera da novela Avenida Brasil.
No acumulado desde 1º de janeiro, o principal telejornal do país tem
28 pontos na Grande São Paulo. É sua melhor sequência em cinco anos.
A última vez que o noticioso de William Bonner cravou médias mensais
consecutivas acima dessa marca foi no primeiro semestre de 2012. Na
época, era ensanduichado por dois fenômenos de audiência. Na faixa das
19h, Cheias de Charme rendia 32 pontos. Às 21h, Avenida Brasil sambava
com 39,5.
Além das novelas das sete e, principalmente, das nove, o Jornal
Nacional é influenciado por outros fatores. A concorrência é o mais
importante deles. A temperatura do noticiário também é relevante _mas
nem sempre, mostram os gráficos históricos.
Neste mês, tudo conflui a favor do Jornal Nacional. O noticiário
político-policial, embora não tenha a força de uma tragédia, está
quente, duradouramente quente. As novelas das sete (28 pontos) e das
nove (31) vão bem, e a concorrência vai mal.
Em guerra com as operadoras de TV por assinatura, Record e SBT
perderam, respectivamente, 30% e 20% da audiência no principal mercado
do país. Nos dez primeiros dias deste mês, no horário do JN, A Record,
com a novela O Rico e Lázaro, registrou 8,4 pontos _eram 12 no mês
passado.
Um quadro muito diferente de outubro e novembro de 2015, quando o
Jornal Nacional enfrentou uma das mais duras concorrências de sua
história, sofreu uma série de derrotas para a saga do herói bíblico
Moisés e teve que mudar sutilmente de horário, numa estratégia da Globo
para reduzir os prejuízos.
Com as pragas do Egito bombando, o telejornal teve média de 22,1
pontos em outubro de 2015, contra 17,5 da Record. A novela das sete
(22,2) não ajudava muito, nem a das nove (25,4).
Curiosamente, o pior mês do Jornal Nacional nesta década não teve
influência da concorrência nem das novelas da Globo e da temperatura do
noticiário.
Foi em setembro de 2014. No mês em que Patrícia Poeta foi substituída
por Renata Vasconcellos, no auge de uma campanha eleitoral
presidencial, o JN deu apenas 20 pontos de média. O motivo: ia ao ar
mais cedo, às 20h, antes do horário eleitoral gratuito, que orbitava em
torno dos 15 pontos.