As oportunidades surgiram no setor de serviços. Em bares, restaurantes e lanchonetes, foram mais de 43 mil vagas novas.
A taxa de desemprego no país, divulgada esta semana pelo IBGE, registrou alta de 9,5%. Foi a maior desde 2012. Já são mais de nove milhões e meio de desempregados. Mas uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio aponta que algumas profissões, apesar da crise, registraram aumento de vagas.Qual o segredo das pessoas que arranjaram emprego enquanto tanta gente procura e não acha? O que elas têm em comum? A resposta pode ser otimismo, confiança.
"Corri atrás e estou aqui, graças a Deus como faxineira, mas quem sabe se um dia eu não vou para outro cargo até melhor?", conta Rosa de Lourdes.
"Comecei de baixo, a tendência é crescer, ser reconhecido um dia pelo Brasil todo e quem sabe até pelo mundo", diz o auxiliar de cozinha Davi Amaral.
Eles têm prazer no que fazem. A satisfação do Everton está nas alturas. "Eu gosto de asa-delta, asa-delta, parapente... Graças a Deus eu tenho um de graça. Ainda ganho por isso", conta o limpador de fachada Everton Mirandela.
E há também os números, que revelam: em 2015, 140 profissões andaram na contramão da crise. Nestas categorias, surgiram mais de 360 mil vagas.
Só para quem limpa, conserta e cuida da manutenção de prédios foi criado o mais alto número de novos postos de trabalho: 71.500.
"Não é porque a economia do país está encolhendo que as pessoas vão deixar de contar com esse tipo de serviço, vão deixar de contratar esses profissionais. Eles fazem os cortes em outras áreas", explica o economista Fábio Bentes.
Esses empregos não foram encontrados no comércio nem na indústria. As oportunidades surgiram no setor de serviços. Em bares, restaurantes e lanchonetes, foram mais de 43 mil vagas novas. E para todos os tipos de profissionais, desde garçons até o pessoal que trabalha na cozinha.
As portas se abriram para quem entrou em novos ambientes de trabalho. "Eu fui me identificando, fui gostando. Aí, um dia, o cliente falou 'pô, ficou muito boa essa sobremesa', aí eu senti aquela emoção", conta Davi Amaral.
Foi preciso tentar várias vezes, com coragem. "Mais perigoso é ficar desempregado nesse momento. Eu fiquei seis meses desempregado, ví a dificuldade que é, muito difícil", lembra Everton Mirandela.
E as mulheres podem ter mais sucesso, porque já são maioria nas atividades que tiveram mais vagas novas: 66,6%.
"Não era a minha área, mas a persistência me fez continuar. Acho que não devemos desistir, temos que persistir até conseguir", afirma a recepcionista Karina Rodrigues.
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