São 55 denúncias de não pagamento de indenizações até assédio sexual. Empresa diz que comissão avalia irregularidades e há canais de reclamação.
Pelo menos 55 denúncias contra empresas de call center estão sendo
investigadas pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) .
De acordo com o procurador Eduardo Varandas, as denúncias variam desde o
não pagamento de indenizações até mesmo o assédio sexual. A TV Cabo
Branco conversou com dois ex-funcionários de uma empresa de
João Pessoa que denunciaram as experiências que teriam vivido na empresa.
Uma mulher, que não quis se identificar, contou que trabalhou durante
sete meses como operadora de telemarketing em uma unidade da empresa que
fica no bairro de José Américo. Segundo ela, este tempo foi suficiente
para ver e sofrer uma série de irregularidades trabalhistas.
“Quando eu cheguei lá no banco, no dia 4 [deste mês], eu fui sacar meu
PIS e não tive direito. [Disseram] que eu trabalhei menos de 15 dias,
apenas 12 dias. Eu trabalhei sete meses, não trabalhei 12 dias. O abono
família é direito do trabalhador. Se você tem filho até 14 anos, ele tem
o direito de receber esse valor. Eu nunca recebi. E muitas das pessoas,
elas são pressionadas a ser botadas pra fora [sic]. Ou você pede pra
sair ou então eles colocam você por justa causa. É dessa forma que
funciona”, disse.
A mulher também comenta sobre
situações de assédio sexual que teria vivido durante o expediente. “O
supervisor passou por mim, puxou a alça do meu sutiã sem a minha
permissão. Eu estava trabalhando. Estava nessa posição [sentada] e ele
passou a mão na minha perna dizendo: ‘batata de perna grossa’. Eu não
dei direito a ele nem a absolutamente ninguém. E fora isso ele chegou
perto de mim e disse ‘se você fosse 20 anos mais velha eu te pegava’”,
contou.
Outro ex-funcionário da mesma empresa falou que também não recebeu o
PIS e que ninguém explicou o porquê. Ele também falou sobre a pressão
excessiva e assédio moral na cobrança para atingir metas. “Lá tem uma
pausa de 10 minutos. É uma pausa-banheiro. Um supervisor se chateou e
ele foi atrás das meninas no banheiro. Ele entrou no banheiro à procura
delas”, denunciou.
O procurador do MPT-PB, Eduardo Varandas, explica que as denúncias dos
ex-funcionários fazem parte dos procedimentos investigados pelo órgão, e
que outras denúncias semelhantes também foram feitas. Varandas diz que o
valor da condenação pode chegar até a casa dos milhões.
“Cada
procedimento tem seu andamento. Alguns em andamento inicial e outros em
fase de conclusão, com a propositura de ação. Aí a gente pode pedir
condenação de até R$ 20 milhões, dependendo da natureza do dano. O que a
gente não pode permitir é a impunidade e essa postura arbitrária e
praticamente lesiva aos preceitos constitucionais ligados à dignidade da
pessoa humana”, conclui.
G1/PB