sexta-feira, 17 de junho de 2016

Machado explica em delação como funcionava máquina de corrupção

Delator diz que montou fundo para distribuição da propina.
Ex-presidente da Transpetro diz que maior parte era paga em dinheiro.


O ex-presidente da Transpetro citou nomes de mais de 20 políticos como beneficiários da corrupção na Petrobras. Sérgio Machado disse que montou uma espécie de fundo de distribuição da propina. E a maior parte era entregue em dinheiro vivo.
Sérgio Machado contou aos procuradores porque, depois de uma vida inteira na política, resolveu abrir o jogo.

“Meu objetivo com isso, excelência, é porque eu envolvi meus filhos, que não tinham nada que estar sendo envolvidos. Toda a ação foi minha. Então, não seria justo, nem eu teria paz na minha consciência, se eu assim não procedesse. E esse foi a razão fundamental”.
O esquema que ele descreveu parecia uma máquina de corrupção.
“É importante você compreender a engrenagem que é o seguinte. De um lado você tem os políticos que funcionam como se fossem um co-acionista da empresa ou do ministério. Do outro lado você tem as empresas querendo levar vantagem, oferecer vantagem através de aditivos etc. etc. e do outro lado você querendo dar resultado pra empresa”.
Machado disse que tratava da cobrança de propina com cerca de 12 fornecedores da Transpetro. Preferia aqueles com quem tinha contato direto: presidente ou dono da empresa e disse que criou um fundo virtual com dinheiro arrecadado de forma ilícita, e mês a mês estabelecia quanto poderia distribuir para os políticos na forma de doação oficial ou em dinheiro vivo. A cúpula do PMDB era a prioridade.
“Você tinha um núcleo que era o núcleo que me colocou na Transpetro. Núcleo: Renan, Sarney, Jader, Romero e Lobão”.
Ele disse que grande parte do dinheiro desviado foi entregue ao PMDB.
“Cerca de, um pouco mais de R$ 100 milhões”.
Segundo Machado, R$ 1,5 milhão foi repassado para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012 a pedido do presidente em exercício Michel Temer, à época vice-presidente.
“Eu liguei para o vice Michel Temer, marquei um encontro com ele no aeroporto militar de Brasília, na sala vizinha à sala da presidência, acerca da campanha do Chalita. Eu disse que ia, que podia ajudá-lo, em um milhão e quinhentos, mas que depois eu informaria a ele a empresa. Telefonei depois a ele informando que esta doação seria feita pelo diretório nacional através da empresa Queiroz Galvão”.
Machado disse ainda que repassou R$ 850 mil para a campanha de Chalita a pedido do senadorValdir Raupp.
Temer também é citado por Machado em outra ocasião. Ele contou que ouviu relatos de que o grupo JBS iria fazer, em 2014, uma doação de R$ 40 milhões ao PMDB, a pedido do PT, para abastecer a campanha do partido ao Senado e citou quem seriam os beneficiados:
“Doação de 40 milhões, senador Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rego, Eduardo Braga, Edison Lobão, Valdir Raupp, Requião e outros”.
A assessoria do senador Roberto Requião declarou que os gastos para a campanha ao governo do Paraná em 2014 foram declarados e as contas já foram aprovadas pela Justiça Eleitoral do estado.

Segundo Sérgio Machado, a doação aos senadores levou Michel Temer - ligado ao PMDB da Câmara - a reassumir a presidência do partido.
“Esse apoio financeiro do PT provocou ruído na Câmara e acabou por forçar o presidente Michel Temer a reassumisse a presidência do PMDB visando controlar a destinação dos recursos do partido”.
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