A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nota em que
diz ver com preocupação a aprovação, nesta terça (8), na Câmara
Federal, do projeto que permite a fabricação, distribuição e o uso da
fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”. O texto
será analisado pelo Senado antes de ir à sanção presidencial.Desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) para o tratamento de
tumor maligno, a substância é alardeada como cura para diferentes tipos
de câncer, mas não passou por testes em humanos e não tem eficácia
comprovada, por isso não é considerada um remédio. Ela não tem registro
na Anvisa e seus efeitos nos pacientes ainda são desconhecidos.
A agência critica o projeto porque autoriza o uso da substância como
medicamento "sem que esta tenha passado pelos testes que garantam sua
segurança e eficácia, como é exigido pela Anvisa e por todas as agências
reguladoras do mundo, antes de autorizar o registro de um medicamento e
seu consequente uso pela população".
A Anvisa destaca ainda que não há nenhum pedido protocolado para a
realização de ensaios clínicos ou solicitação de registro dessa
substância. "Por isso, é absolutamente descabido acusar a Anvisa de
qualquer demora em processo de autorização para uso da Fosfoetanolamina.
O que há, de fato, é que uma substância que é utilizada há tantos anos
nunca foi testada de acordo com as metodologias científicas
internacionalmente utilizadas, para comprovar sua segurança e eficácia.
Da mesma forma, os desenvolvedores dessa substância nunca procuraram
estabelecer um processo produtivo em fábrica legalmente estabelecida e
certificada para operar com qualidade".
A agência afirma que qualquer medicamento novo desenvolvido no Brasil,
ou de uso relevante em saúde pública, recebe tratamento prioritário. "Se
os desenvolvedores da fosfoetanolamina, ou qualquer grupo de pesquisa
do país, protocolarem solicitação para realizar os estudos clínicos que
comprovem sua segurança e eficácia, a Anvisa o analisará com presteza e
rapidez".
"Liberar medicamentos que não passaram pelo devido crivo técnico seria
colocar em risco a saúde da população e retirar a credibilidade da
Anvisa e dos próprios medicamentos fabricados em nosso país", completa a
nota da agência de vigilância sanitária.
Projeto
A "pílula do câncer" foi distribuída durante anos pela USP de São
Carlos. Desde novembro, a distribuição está suspensa por decisão do
Tribunal de Justiça de São Paulo. Atualmente, a substância é estudada
pelo Instituto do Câncer de São Paulo, que iniciará testes em seres
humanos.
G1
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