Edição do dia 14/06/2016 21h04 - Atualizado em 14/06/2016 21h13
Edição do dia O Conselho de Ética da Câmara aprovou nesta terça-feira (14) o relatório que pede a cassação do mandato do presidente afastado Eduardo Cunha por quebra de decoro. A decisão agora vai ser do plenário da Câmara.
O dia não começou bem para Eduardo Cunha. De manhã, um relatório do Banco Central foi entregue ao presidente do Conselho de Ética, com uma multa de R$ 1 milhão para Cunha e de R$ 132 mil para a mulher dele, Cláudia Cruz. Os dois não declararam recursos mantidos no exterior para as autoridades brasileiras. Ainda cabe recurso.
E pouco antes de a sessão do conselho, os aliados de Cunha sofreram uma derrota. Por milésimos de segundo, o primeiro suplente a garantir presença foi o deputado Mandetta, do Democratas. Se votasse, seria contra Cunha. Mas, minutos depois, a titular no conselho, a deputada Tia Eron, do PRB, apareceu. Cumprimentou deputados, saiu, voltou... E não falou nada.
O relator descartou anexar o documento do Banco Central ao parecer que pede a cassação do mandato de Cunha. Deputados se revezaram contra e a favor da cassação.
“Se o resultado que sair daqui não for a aprovação desse relatório, esse conselho deve se extinguir”, disse o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE).
Carlos Marun, do PMDB, sempre aliado a Cunha, desqualificou o relatório:
“Sucessão de acusações desprovidas de provas”.
Tia Eron também quis falar. Disse que os deputados não mandam nela.
“Entenderam que de fato não mandam nessa nega aqui. Nenhum dos senhores mandam”, declarou a deputada.
E sem declarar o voto, afirmou que ia votar com consciência. O relator Marcos Rogério, do Democratas, reafirmou que, com as provas disponíveis, só cabia uma punição a Cunha.
“Não se trata apenas de omissão, de mentira, trata-se de uma trama com finalidade de mascarar uma sucessão de crimes: remessa ilegal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, corrupção passiva e concussão. A criação de empresas de papel, laranjas de luxo, serve apenas para evidenciar ainda mais as graves ofensas ao decoro parlamentar. Ou seja, pela aplicação da sanção da perda de mandato parlamenta por quebra de decoro”, destacou o relator, deputado Marcos Rogério.
O advogado de Cunha repetiu que o processo não tem provas de que Cunha mentiu quando disse na CPI da Petrobras que não tinha contas no exterior.
“Não há uma linha que diga que meu cliente tem conta corrente, qual é o número, não existe. Meu cliente não tem conta corrente no exterior, não tem banco no exterior com conta no nome dele, portanto ele não mentiu à CPI”, disse o advogado de Eduardo Cunha, Marcelo Nobre.
O deputado Alessandro Molon, da Rede, rebateu:
“Apenas o advogado do representado não viu a conta. O banco suíço viu a conta e congelou os valores lá; o MP suíço viu a conta, e a atribui corretamente a Cunha; o Banco Central viu a conta e multou em R$ 1 milhão o representado por não a ter declarado. Vossa excelência é obrigado a acreditar nessa versão, nós não”.
Pouco depois, um bate-boca quase interrompeu a sessão.
“Estamos num Conselho de Ética. Os senhores, por favor! Nós estamos aqui, os senhores têm o dever de dar o exemplo”, afirmou o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo.
Começou a votação no microfone. O voto mais esperado? O da Tia Eron.14/06/2016 21h04 - Atualizado em 14/06/2016 21h13
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