domingo, 7 de março de 2021

ENTREVISTA DA SEMANA: Coronel Cristovão Ferreira Lucas

Nome:Cristovão Ferreira Lucas 

Tenente Coronel da Polícia Militar da Paraíba

Formação acadêmica: Pós graduado em segurança pública, formado em direito


Hobby

Gosto muito de ler, não só o livro físico, mas gosto muito também de informação, acesso muito a internet, mas o foco é realmente de buscar informações, gosto de ler artigos, notícias gerais, mas eu tenho muita alegria em ler, adquirir conhecimento através de bons textos.

1-O que motivou o senhor a entrar na carreira militar?

Boa tarde Marina, eu sempre tive admiração pelo trabalho da policia militar, especialmente porque tenho um irmão mais velho do que eu, eu acompanhei boa parte da carreira dele, a postura dele, a seriedade, a firmeza, além da missão inerente ao trabalho do policial, isso me chamava bastante atenção e eu acredito que esses dois fatores, a presença de um policial militar em minha casa, vendo como era o trabalho dos policiais militares, isso me atraia bastante, e acabei ingressando e aqui estou há 26 anos.

2-Nós sabemos que a carreira militar traz muitas dificuldades, as dificuldades enfrentadas no início fizeram você pensar em desistir?

Não, de forma nenhuma, apesar de que o curso de formação para quem não tinha muito conhecimento aprofundado de como realmente se dava, ele é um impacto muito grande na cabeça de um adolescente, participar de um treinamento militar é algo realmente muito especial, mas o sonho de poder pertencer à instituição, de vestir a farda, era muito maior do que o sofrimento, tendo em vista esse impacto do inicio da carreira, é uma mudança de vida muito grande, uma mudança de pensamento enorme, mas nada que pudesse me abalar, e desistir de concretizar esse ideal maravilhoso que sempre foi ser policial militar.

3-A conquista para tornar-se Coronel, está acompanhada de etapas importantes de sua carreira, como o senhor define este momento, de se tornar Coronel?

É uma honra indescritível você ocupar um posto tão alto na hierarquia da instituição, porque na verdade significa o coroamento de toda uma trajetória, de toda uma carreira galgada, que demonstra todo nosso esforço esse tempo todo, e você quando chega em um momento como esse, realmente percebe que valeu a pena todo seu esforço, e é algo que eu tenho muito orgulho, minha família tem muito orgulho, meus verdadeiros amigos se orgulham demais, mas que na verdade só faz aumentar a nossa responsabilidade, quanto mais alto o posto, quanto mais alto o cargo, maior sua responsabilidade, você tem que ter em mente que você tem que fazer o certo sempre, que você é o  exemplo, o referencial, e isso é algo que não se pode perder de vista nenhum momento, é uma grande responsabilidade, mas é também uma grande honra.

4-O 1° Batalhão é responsável pelos serviços no Alto do Mateus, quantas viaturas circulam diariamente e quais as ocorrências mais comuns.

É um bairro bastante movimentado, com a população mais ou menos de 25 mil habitantes, é uma densidade demográfica bem considerável aqui em João Pessoa, eu diria até que é um dos bairros até calmos aqui de João Pessoa, tem seus problemas pontuais, mas é raro que tenhamos eventos mais violentos no Alto do Mateus, temos mais ou menos duas viaturas circulando, mas varia bastante, porque tem muitas tropas de apoio, que vem em horários alternados, pode ser a manhã toda, ou só uma parte, tarde ou noite, madrugada, você tem muita presença da força tática, do batalhão de motos, a tropa de choque, batalhão ambiental, enfim, é variável, não tem um número certo, mas a gente procura direcionar esses esforços, essas tropas, à partir das nossas informações colhidas das estatísticas, então, não tem número mínimo, é variável. Às vezes a gente tá numa operação com 15 ou 20 viaturas fazendo uma ação, então, isso é relativo.

5-O trabalho da PM enfrenta a realidade da violência, trabalhos na periferia, altos índices de assalto, podemos considerar que a segurança dos PMs é condizente?

Todos nós corremos riscos, todos nós que saimos de casa, temos que enfrentar vários desafios, nós policiais que estamos na linha de frente, lidamos justamente com as mazelas sociais, todas as questões, desde desentendimentos entre pessoas dentro de sua própria casa, marido a mulher, vizinhos, até os fatos mais graves, como assaltos de proporções maiores, homicídios, enfim, tudo que se imaginar a policia militar é chamada, inclusive para situações que às vezes nem cabem a participação da policia, mas nós somos treinados para superar as dificuldades, temos um trabalho emocional que se faz a partir do curso de formação, e nos sentimos bem para encarar isso, porque se você não estiver bem psicologicamente também, você sucumbe, então eu acho que o policial militar, ele consegue bloquear muita coisa, porque o próprio treinamento trabalha consideravelmente nesse sentido.

6-O senhor acredita que a impunidade e a injustiça são fatores predominantes para implantação de leis mais rígidas no Brasil?

Eu acredito que seja uma questão unânime entre todos da sociedade brasileira, no sentido de que, não é nem a questão da impunidade, mas a pouca eficiência do castigo aplicado pelo cometimento de determinados crimes, isso precisa de um debate amplo, um debate nacional, obviamente pela iniciativa do Congresso Nacional, senadores e deputados, mas com a sociedade civil como um todo, para que algumas coisas possam vir a mudar. Tem  determinadas leis que são absurdas, que a pena para quem comete o crime é um absurdo, todos concordam com isso, mas falta que realmente se adote alguma medida efetiva para que isso mude, então, o criminoso sabe disso, ele muitas vezes quando é preso sabe quanto tempo vai passar fora de circulação, e quando vai voltar para a rua, para voltar a infringir a lei. Enfim, uma série de questões que realmente precisa-se ver com bons olhos, essa questão da pena de alguns crimes, e a forma como se trata o indivíduo que comete crime, como ele é tratado enquanto está no sistema penitenciário, porque o índice de pessoas que voltam a cometer crimes é muito alto, no Brasil ja ouvi falar até em 80%, não tenho esses números precisos, mas, das pessoas que são envolvidas com assaltos, tráfico de drogas, isso tem um número muito alto de pessoas que terminam cometendo o crime novamente, muitas vezes, acredito eu, pensando ou na impunidade mesmo, ou que pena que irão cumprir se forem condenados, na visão deles, não é um castigo tão sério. Então é algo realmente a se pensar e rever.

Encerramento!  Considerações finais e suas redes sociais.

Eu agradeço pela oportunidade Marina, e desejo você muito sucesso no seu trabalho, agradeço à Deus como sempre, por estar vivo, peço a ele que nos abençoe, que essa pandemia acabe logo, já estamos muito ansiosos, já perdemos muitas pessoas, muitos amigos que partiram, e o maior desejo hoje de nós todos tem que ser realmente que o Covid-19 suma da face da terra, e haja realmente um remédio que resolva esse problema. Agradecer também à minha família querida, todos os meus filhos, minha esposa, meus irmãos, meus pais, meus amigos, e aos camaradas da nossa briosa Policia Militar da Paraíba, dessa instituição tão maravilhosa, desta jovem senhora de 189 anos que caminha sempre a passos firmes e coluna ereta, sempre muito altiva, porque ela, de fato, é uma das melhores policias do Brasil. Minha continência à todas as pessoas e boa sorte à todos.

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Entrevistado: Coronel Lucas

Repórter / Jornalista: Marina Sousa

João Pessoa 07/03/2021

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