Deputados e senadores investem em enquetes para consultar a opinião de seus seguidores e usam as redes para interagir e prestar contas aos seus eleitores.
No Congresso Nacional, os celulares em punho são onipresentes: filmando
discursos no plenário, registrando atos ou transmitindo ao vivo
entrevistas à imprensa. As fotos e vídeos vão direto para as redes
sociais dos parlamentares.
A prática, que já era comum, ficou ainda mais recorrente e ganhou
outras proporções na atual legislatura – boa parte eleita mais com a
ajuda das novas mídias e menos gastando sola de sapato nas tradicionais
campanhas de rua.
Se no período eleitoral as redes foram fundamentais para os então
candidatos, agora, elas se tornaram uma ferramenta de trabalho
indispensável dos parlamentares, tanto para interagir com os eleitores
como para prestar contas do mandato. Os seguidores estão na casa dos
milhares e, às vezes, dos milhões.
Fazer enquetes sobre votações ou assuntos polêmicos virou algo corriqueiro. O caso mais emblemático foi o do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que decidiu em quem votaria para presidente do Senado após consultar os internautas.Transparência
Uma das campeãs no Congresso em popularidade nas mídias digitais,
Flordelis conta que faz transmissões ao vivo com frequência sobre coisas
corriqueiras do dia a dia como parlamentar. “Quem está de fora não tem
ideia de como funciona aqui”, diz.
Primeira mulher indígena eleita deputada federal, Joenia Wapichana
(Rede-RR) também usa as redes para prestar contas aos eleitores.
“Divulgo o que ando fazendo no dia a dia. Coloco meus pronunciamentos,
quem estou recebendo no meu gabinete, as propostas que apresentei. É uma
forma de as pessoas também se manifestarem e saberem realmente se estou
fazendo o que eu defendi que iria fazer”, explica.
A deputada Policial Katia Sastre (PR-SP) tem se dedicado para dar
atenção aos seus seguidores nas redes, criadas um mês antes da eleição
em outubro.
Policial militar, ela entrou para a política após ficar conhecida ao reagir a uma tentativa de assalto, quando estava de folga, na porta de uma escola em Suzano (Grande SP) e atirar no assaltante, que acabou morrendo.
A parlamentar afirma que, no início, chegou a contratar uma empresa
para responder aos seus seguidores, mas que mudou de ideia em questão de
dias.
“Falei: ‘Tira isso, pelo amor de deus’, porque não é aquilo. Eu não
gosto que as pessoas recebam uma resposta que não é aquilo que eu
responderia. Já que as pessoas votaram em mim, elas têm que saber o que
realmente eu penso”, justifica.
Ela conta que responde a todas as mensagens, nem que “demore um
pouquinho”. “Na maioria dos dias, depois que eu chego em casa e as
crianças dormiram, eu pego o celular e respondo uma por uma. Geralmente,
faço isso da noite para a madrugada. Às vezes, meu marido senta do lado
e eu vou respondendo e ele vai me ajudando. Eu falo as respostas e ele
digita, para dar conta”, diz.
Para o deputado Fred Costa (Patri-MG), que tem a proteção dos animais
como principal bandeira, as redes sociais são fundamentais para a sua
atuação parlamentar. Por meio delas, chegam várias denúncias de
maus-tratos.
“As redes sociais têm sido uma quebra de paradigma na proteção de
animais porque permite que os casos tenham eco nas casas legislativas”,
afirma.
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