Mosquitos de espécies diferentes do Aedes aegypti infectados em
laboratório mantêm alta concentração do vírus da zika no organismo.
Pesquisadores da fundação Oswaldo Cruz no Recife
apresentaram nesta quarta-feira (2) um estudo que levanta uma dúvida
inédita e perturbadora. Além do Aedes aegypti, será que um pernilongo
comum poderia transmitir o vírus da zika?
A pesquisa foi mostrada em um encontro que reúne 300 cientistas de várias partes do mundo, no Recife. Em um laboratório da
Fiocruz,
200 mosquitos do gênero culex, conhecidos por pernilongo ou muriçoca,
foram infectados com o vírus da zika. Os cientistas queriam investigar
como ele age no organismo dessa espécie. Sete dias depois da
contaminação, os pernilongos estavam com alta concentração do vírus.
“A gente viu que existe uma facilidade na infecção e uma facilidade da
disseminação do vírus para a glândula salivar mostrando que o vírus
conseguiu escapar de algumas barreiras do mosquito”, diz a bióloga da
Fundação Oswaldo Cruz, Constância Ayres.
Os resultados ainda são parciais. Os pesquisadores não podem afirmar se
o pernilongo é capaz, ou não de transmitir o vírus da zika. O que eles
sabem é que é preciso avançar nos estudos e a próxima etapa é checar se
os mosquitos comuns, encontrados na área onde o vírus circula estão
contaminados.
O pernilongo está na natureza numa quantidade 20 vezes maior que o
Aedes aegypti. Além de verificar se a contaminação acontece no ambiente
natural, os cientistas querem saber também se os mosquitos infectados
conseguem transmitir o vírus para seres humanos. A conclusão da pesquisa
ainda vai demorar entre 6 e 8 meses.
“Isso nos acende pra necessidade de desenvolver mais estes estudos. E
saber se isso pode significar algum tipo de potencial de que outros
mosquitos também venham a ser demonstrados como transmissores da
doença”, afirma Cláudio Maierovich, diretor do departamento de doenças
transmissíveis do
Ministério da Saúde.
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